06/07/2015

Força Linear

Há muitos dias eu já não me encontro, visto que me deixei escapar pela porta lateral, não por medo mas muito mais por ousadia. Saímos de casa e vamos para o banco da praça sem nos apresentar ou mesmo estar lá sem de casa sair; existe linhas invisíveis ou é a pura e singela discordância do mundo que envolve-nos e impulsiona-nos a sermos o que somos quando não somos, quando sumimos.

Existe uma casa estranha e antiga numa rua que poucos ousam construir suas moradas, o que atrai é a sua tranquilidade e terror, diria que uma das atrações é imposta e a outra condicionada, e a cada um a singularidade de assim ser. O melhor lugar de estar é em casa, seja lunar ou temporal a estadia particular é o que move-nos à quietude.

Jogam pedras em meu telhado, no meu jardim, no meu quintal, quebraram minhas janelas, picharam meu muro, minha casa de nada tem culpa, e quem têm? Acabo morando numa montanha, plantando na selva de pedra, as flores nascem ao redor e as raízes de nada sofrem; feia mesmo é a fachada sem tinta, mas a noite no meu quarto é o lençol que me aquece e conforta o que está lá fora.

18/12/2014

Berço Sensorial

Eu tentava imaginar um fim sem encontro, eu tentava acabar com o que nunca começou e fui perfurando todo o caminho sem conseguir acabar com a estrada que me levava a encontrar a infinita imagem sensorial, transcendental de tudo que sempre quis na curta passagem de minha vida.

Eram olhos que os colocaria dentro de um espelho para me encontrar sempre que eu olhasse para mim; ficaria tão parado e contemplativo quanto narciso sobre as águas.
É o aroma da brisa em felicidade, o toque suave do vento sobre a plantação de arroz, o ar quente do balão no arrebol.. tentei colocar em meus braços e segurar numa finda fração de tempo o que me leva a continuar a andar na saudade da beleza já conhecida e que me prendeu pela alma.

A vida é um mistério e viver a leve impressão do conhecimento escondido que é revelado pelos dias. Eu tentava acabar e hoje percorro o recomeço de tudo. Encontrar a vida é o anseio da própria vida.

Pintura: Duy Huynh

31/10/2014

Dias Desconhecidos

Um dia minhas palavras livres como deveriam ser, atingirá seu peito em cheio, será um baque, um golpe nunca esperado.

Entre linhas e dias de páginas preenchidas com tanto para tão pouco dizer, era um eu te amo, era um pedido de carinho, era a vontade de carinhar; entre tamanho barulho na ponta da caneta era a simples expressão do nosso sentimento.

O tempo é e foi necessário, mas é um necessário que nos tira muitos momentos, muitos batimentos cardíacos, nos tira dias desconhecidos.

Essa semana vi no jornal as lágrimas de quem perdeu alguém que amava, pensei se alguém estaria chorando e triste por quem esta se perdendo enquanto permanece em pé, junto na mesa do café, trocando sorrisos (sorriso de socorro).

Tudo isso pra resumir o dia de hoje, acha que não? Ah.. me diz como foram todos os dias de abril de cinco anos atrás?.. de três?.. hum..

Um dia minhas palavras, livres.. iram transpassar você e o tempo e serão conhecedoras de nossos dias.


16/10/2014

A Cor Dos Sentidos

Entre as cores do mundo escolhi a cinza para dar o tom refinado, o tom certo aos olhos e a perfeita sutileza de fixarem o olhar que produzem pensamentos curtos.

Tentei traduzir minha alma algumas vezes e em todas elas existem partes que desconheço seu verdadeiro significado, talvez aprender sumério fosse mais fácil.

Insisti em entregar-te à imensidão do mar e ele devolvia-me a cada tentativa emitindo seu som, que chegava a mim com singela brisa dizendo que em si já carregava sua própria beleza e seus próprios temores.

Cheguei até o deserto, seus fragmentos ao vento não me deixavam ver, tinha a escolha de entrar de olhos fechados e enfrentar a solidão que em si a tinha encontrado.


“Mas não somos todos estrelas perdidas
Tentando iluminar o escuro?
Quem somos nós?
Apenas uma partícula de poeira dentro da galáxia
O que sou eu?” (Lost Stars – Adam Levine)

Foto: Olivier Valsecchi

01/10/2014

Som da Sonda Sonar

Fecho os olhos e danço, na escuridão do sentido humano vejo-me em completo detalhe e perfeição com movimentos claros e precisos, sinto-me em desinibição e liberdade de expressão e encontro na solitária sala de espelhos a profunda sensibilidade de poder ser um sonho.

Sentado e em movimento crio no movimento da paisagem pela janela um mundo em que sou protagonista de uma música perfeita, em que posso andar em compassos, abrir a boca e cantar, gesticular a batida que pulsa e agita, chorar de felicidade sem questionamentos, dar beijos e distribuir abraços como se perfeito fosse à aceitação do amor fraterno ou passional.

Pink em apresentação ao vivo da música "Try"
Entramos no cenário agressivo natural.. então a sintonia do som nos muda a feição, batemos o pé e peitamos a situação com coragem de quem resolve problemas e não como quem cria a partir disso um cinismo para prolongar o que não tem necessidade; soltamos o impulso do conhecimento de quem já viveu para saber que não se precisa ser preciso e então somos quem somos, com som ou sem tom na procura de uma melodia representativa.

11/09/2014

Sobre os dias..

Preciso dormir mas estou em fuga, insistentes são os perseguidores que me cercam, quebro janelas para afugentar-me, escalo precipitações em busca de um momento de paz.. tento olhar para o teto ou o céu e me perder em alucinações, melhor seria fechar os olhos para que as lágrimas não escorressem para meus ouvidos; lutarei enquanto viver, sim, porque são poucas as formas de se estar longe do embate direto.

Mera ilusão achar que somos sempre vítimas, somos sempre perseguidores, nunca damos sossego a seja lá quem for, parece até certo ponto dois pesos e duas medidas a se formar em nossa mente. Somos tão sonsos quanto quando tirávamos a casca de nossas feridas.

Pintura: Duy Huynh
Fico imaginando a dor da liberdade tardia desde mundo, da ignorância nunca tratada ou reconhecida que fez com que a felicidade fosse apenas um objeto de ficção cinematográfica.

Quero ver onde vou chegar, por isso mantenho os olhos abertos, mesmo que as luzes não estejam acessas mantenho-os abertos, liberdade não sei se terei, mas se acaso eu perecer rememore meus olhos negros, porque estaria sempre a buscar a liberdade nos dada por natureza.

19/07/2014

Quem sabe lá..

Pintura: Duy Huynh
Enquanto eu tento fazer de meu mundo um lugar confortável para se estar, as coisas que guardo gritam no lugar onde reservei para ser o baú de tudo que tirei de vista. Eu sempre tentei ser o que realmente achava que era como ser e de repente a sensação era que estava retrocedendo para aquele que sofria calado e deixava o mundo brincar como se fosse uma massinha de modelar, meu estado é o de extremos, de sensibilidade, prepotência e resistência, choro contido e birra..

Para alguém de sentimentos fere-se a alma ao ver alguém se despir de si tudo que se tem carregado da vida, agir para fazer do mundo um lugar melhor não tem nada de fácil ao perceber que você esta jogando com a vida, sem volta, que deixa marcas, que fere, que liberta e que talvez só possa fazer bem a quem um dia irá nascer depois que o mundo perceber que tudo que você escolheu na verdade só fez retroceder a vida de quem morreu, para que assim se toquem aos montes que fazer um mundo melhor é lutar por sua felicidade e realização.

Refletir é uma grande questão, só que as vezes estamos tão enquadrados que não nos permitimos fugir mesmo que ao extremos do racional e emocional para enxergar o que tanto passou despercebido, o sangue derramado pela história, as lágrimas de dor, e os gritos tão íntimos que não entraram para a história. Uma hora tudo vai passar e quisera o tempo que nossas idiotices não se perpetuem.

Findando

eu tenho um sentimento bonito, guardado que vai ser sacrificado ele é animal pra viver solto envolto no nosso abraço naquele dia me pediu pr...